02/12/2022
10:56:52
Investir em ações baratas te dá uma boa margem de segurança nos investimentos. Essa foi uma das coisas que eu aprendi nos meus 14 anos no mercado financeiro: para ir bem no mercado, não basta comprar boas ações, é preciso comprar bem as ações. Oportunidades com preço abaixo do valor aparecem toda hora no mercado, mas como saber qual ação escolher?
Ações baratas são aquelas empresas que, por algum motivo, estão sendo negociadas por um preço abaixo do que elas de fato valem, ou seja, abaixo do seu valor intrínseco.
Muitos investidores acreditam que ao comprar empresas que são negociadas abaixo do seu valor intrínseco, cria-se uma “margem de segurança”, mitigando o risco de você perder muito dinheiro.
É uma estratégia sensata, mas que merece um devido cuidado. Ações podem estar baratas por diversos motivos.
Uma empresa pode estar barata pois o seu mercado não é mais promissor.
Pode estar barata pois está passando por dificuldades financeiras.
Ou até mesmo pode estar barata pelo aumento da concorrência, diminuindo as margens de lucros da mesma.
Por isso, é importante não só comprar ações baratas, mas entender o real motivo dessa subprecificação da ação e entender se há ou não perspectivas de valorização no curto, médio ou longo prazo.
Toda empresa considerada “barata” apresenta 3 principais características:
Os múltiplos de uma empresa são um conjunto de indicadores que vão te indicar o quão barata, cara, eficiente ou até mesmo rentável é uma empresa.
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Existem uma série de indicadores que vão te ajudar a entender se uma empresa está barata ou não, alguns dos mais importantes são:
O P/L, ou Preço/Lucro, é um índice usado para avaliar o preço das ações.
Na fórmula do P/L, o P é o preço de uma ação em um determinado momento, já o lucro é o ganho líquido por cada uma das ações neste mesmo momento.
Por exemplo, se uma empresa tem um preço de R$ 10,00 e teve um LPA (lucro por ação) de R$ 1,00 no último ano, o P/L dessa empresa é de 10.
Geralmente, quanto maior um P/L, mais cara tende a ser uma empresa. Ou seja, empresas com P/L baixo tendem a ter ações baratas.
Mas vale ressaltar que não adianta olhar um indicador isoladamente, ao analisar uma empresa, sempre verifique outros indicadores em conjunto para ter uma conclusão mais certeira – até porque o P/L de uma empresa pode estar baixo por diversos motivos (e você não quer ser sócio de empresas com problemas financeiros/judiciais etc.)
O Peg Ratio é outro indicdor de preços e que não costuma ser muito usado no mercado, mas que pode ser de grande valia para empresas de alto crescimento, como é o caso de empresas de tecnologia.
O “PEG Ratio” pode ser traduzido como P/L ao Crescimento do Lucro por Ação (LPA), ou seja, ele calcula o P/L de uma ação em relação ao crescimento do lucro nos últimos anos.
Empresas que estão em fase de crescimento costumam ter um P/L alto, porém, com o Peg Ratio esse valor fica menor, já que contabilizamos o crescimento dos lucros dessa companhia.
Ações baratas tem um PEG RATIO menor.
O P/VP, ou Preço sobre Valor Patrimonial, também é outro indicador que informa se o valor de uma ação está relativamente cara ou barata.
O P/VP pode ser obtido através da divisão entre o preço de um ativo negociado em bolsa e o valor patrimonial da companhia. Em tese, quanto mais próximo de 1, mais próximo do “valor justo” essa empresa está sendo negociada. Empresas que são negociadas abaixo de 1 pode ser consideradas baratas, já que são negociadas abaixo do valor patrimonial, enquanto empresas com P/VP acima de 1 tendem a ser consideradas caras.
É importante entender também que empresas podem ter um P/VP abaixo de 1 por algum motivo ruim, como um processo jurídico, por exemplo. Isso faz o mercado jogar o preço da ação pra baixo e indicar um “desconto” – mas maquiado por problemas ainda mais graves.
O EV/EBITDA é um indicador que une outros 2 indicadores, o EV e EBITDA.
EV significa Enterprise Value – é o valor de uma empresa dada pelo mercado.
O Ebitda significa lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações – o fluxo de caixa livre de uma empresa.
Um EV/Ebitda de 3x, por exemplo, quer dizer que o valor econômico da empresa (EV) equivale a cerca de 3 anos de geração de caixa medida pelo Ebitda.
Em tese, quanto menor o Ev/Ebitda, mais barata é a empresa, enquanto mais alto for o múltiplo EV/Ebitda, mais cara é a empresa.
Empresas que tenham vantagens competitivas tendem a ter um Valuation superior do que seus pares, ou seja, podem valer mais.
Em 1988, Buffett começou a comprar ações da Coca-Cola. Muitos analistas eram céticos, já que a ação vinha subindo há vários anos e negociava nos níveis mais altos da história (o preço da ação mais que triplicou na década, e sem contar os dividendos).
No mesmo ano, Buffett comentou sobre seu investimento na Coca Cola:
“Em 1988 fizemos compras significativas na (…) Coca-Cola. Nós esperamos manter essas ações por muito tempo. Na verdade, quando temos um pedaço de um negócio excelente, com gestão excelente, nosso tempo de investimento preferido é para sempre. Nós somos o oposto daqueles que tem pressa para vender e registrar lucros quando as empresas vão bem, mas que se prendem exaustivamente a empresas que desapontam.”
Uma das principais características que Buffett encontrou na Coca Cola foi a vantagem competitiva da empresa.
A Coca Cola já era uma marca forte no mundo inteiro, era líder global com 45% do market share global de refrigerantes e tinha atuação em mais de 160 países. E por mais que outras empresas como a Pepsi tentassem “roubar” uma parte desse mercado, não conseguiam.
Esse é um exemplo de vantagem competitiva – é o que muda a escolha de um cliente em detrimento de outra empresas.
Pode até ser que você encontre ações baratas no mercado, mas se elas não tiverem uma vantagem competitiva, no longo prazo podem não ser grandes investimentos.
Um dos erros mais comuns ao analisar os números de uma empresa é comparar uma empresa de um setor A com outra empresa no setor B com os mesmos filtros.
Ações baratas costumam ter indicadores mais descontados do que seus pares, mas é preciso analisar empresas dos mesmos setores.
Se você já foi ao mercado, sabe que para comprar uma fruta como uma maçã, não se usam os mesmos critérios de se comprar uma melancia ou um abacaxi.
– Pro abacaxi, geralmente procuramos por um cheiro doce.
– Pra melancia, se dá tapas para ver se ela está oca.
– Pra maçã, precisa estar brilhante e firme.
Com ações é a mesma coisa, não podemos analisar empresas de setores/segmentos diferentes com o mesmo critério.
O ponto é que nunca devemos olhar indicadores isoladamente e sempre devemos comparar o máximo de indicadores possível entre empresas do mesmo setor.
Encontrar ações baratas é simples, mas não é fácil – muitos investidores já perderam e ganharam muito dinheiro tentando.
Deixa aqui nos comentários se você adicionaria algum outro indicador ou alguma outra forma de analisar ações baratas.
Ah, e pra que fique bem claro… preço é o que você paga, valor é o que você leva. Cuidado para não confundir os dois 😉